segunda-feira, 31 de maio de 2010




Já pode começar a chover. Vai completar a cena. Dois sentados na calçada, duas garrafas e caminhos diferentes pra casa. A casa antiga ficou assim, ruínas, as quais se tudo der certo serão destruídas pela mesma chuva que vai molhar roupas que nunca vão mais secar.
Ele tem os olhos serrados, faz tanta força para não chorar que nem percebe que isso faz dele mais triste do que ela, que só parou de chorar porque não tinha mais forças. O medo de levantar e nunca mais estar juntos trava os dois no chão sujo. Talvez fosse melhor morrer ali.

Desculpas para confusões criadas por mentes que ao invés de funcionarem juntas preferem a distância. Tentativas frustradas de não chegar em lugar nenhum. Pessoas que ela colocou na vida dele, outras que ele colocou. Pessoas que ela colocou na dela. Pessoas que desaparecem junto com todo o resto. Implorando por uma paz que conhecem bem. Uma paz que só é possível divida e que insiste em se fazer sozinha.

Depois de tanto apelo para isso, ela só pode ir embora. Erra o caminho. Chega até a antiga casa dos dois, não tem mais a chave. Não sabe nem onde fica a porta. Senta na calçada oposta. Só vai sair de lá quando não sobrar mais nada. Enquanto isso começa a lembrar do dia que o conheceu, vai lembrar até esquecer qual era o perfume daquele dia. De tanto lembrar aquilo vai perder a importância. Espera sentir enjoo de pensar no mesmo cheiro tanto tempo, sem parar para respirar nada novo. Promete agora nunca mais errar o caminho. Nem os restos no chão podem fazer parte da sua vida.






quinta-feira, 6 de maio de 2010

Tem um filme que nunca acaba. Uma água que nunca ferve. Um travesseiro que quase cai no chão. Algumas folhas quase balançam. O vento vai entrar pela janela. Um motor ainda quente. Tudo cheio de poeira. Nada se move. Dois que dormem. O único movimento em cenário congelado. Só assim. tudo dá certo.