segunda-feira, 16 de julho de 2012

Todos os tiros

É quando bate sol que reflete. Atravessa o tecido e a porta de vidro, bate no espelho do fundo e aí sim todos os bichinhos de cristal refletem minha única riqueza. E quem diria, vinda do lixo. Cheios de charme meus bichinhos tomam chá sem olhos, em xícaras sem asa,  bracinhos lascados. Sempre quis uma dessas, quem diria! Combina com todo o pouco resto, com as xícaras amarelo-marrom-transparente herdadas com amor.Quando bate o sol é que esquenta toda minha certeza, me cega. Agulha arranha, gira o tempo.
Só segue o silêncio musicado. Coloco, sem vergonha, uma trilha sonora para a manhã, na realidade, gosto muito de trilhasonar o dia , pois de silêncio sucumbo nas madrugadas, luzes borbulhantes. Ontem assisti sem som e sem par à um pornô brasileiro, bom de tanto que dublagem não sincroniza

Sucumbe-se de excesso. Construir, usando o que nos falta torna mais sereno nosso caminho.

Atiro pela porta. Atiro na porta. Atiro-me. Há tiro. Há pouco. Esburaco minha alma de tanto dizer. Há mais que tiro. Deixo o excesso e fico presa no chão.