sábado, 24 de setembro de 2011

AMOS

E para que se tem tempo? Para perder querendo ganhar o que não existe, um futuro que não existe em nenhum espaço que não o de desejá-lo. Tenho visto a tristeza contínua em todos aqueles que acreditam que pagar as contas no final do mês é sua maior alegria. E para os mais abastados a felicidade é pagar tudo que for mais caro porque é melhor, ou para não sobrar muito dinheiro. Digo isso sem hipocrisia ou inocencia rebelde. As pessoas não estão felizes, eu também não. Ninguém quer o mais difícil, o mais demorado, o que não é dado. Querem o imediato, o "prajá". Na velocidade que temos, perdemos. De amor, de valor, de beleza, ninguém quer saber. Para onde foi a vontade de ser algo que não podemos comprar, mesmo que por um segundo. E antes que venham aqueles que não entedem, eu gasto dinheiro, eu uso dinheiro, eu vou ao shopping, mas sei que não é disso que se trata a vida. É no shopping que compramos nossos uniformes, nos uniformizamos de diversidade. Nos tatuamos, nos furamos, escrevemos em blogs, comemos yogurt e japonês. Repito, "amos". Nós. E é sem saber o que fazer que me proponho ao conhecimento, que voto pela cultura, pela arte, pela música. Voto no amor, por mais clichê que isso seja. Estou cansada de reparar no olhar perdido de quem trabalha com movimentos automáticos, cansada de ver escravos pagos com salários baixos. Amputada pelo rumo irreversível dessa desigualdade. Cansada também da hipocrisia dos mais abastados, da falta de vergonha que algumas pessoas tem quando abrem a boca para falar o que pensam em botecos de luxo. Já cansei tão nova, e já entendi que não existe lugar onde possa me esconder, e mesmo se pudesse, tudo isso não deixaria de existir.



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