sexta-feira, 2 de março de 2012

M.

Começamos a morrer quando nascemos. Mentira. Cada um sabe a hora que começa a morrer, começa a desintegrar, desistir, sumir, se perder. Na covardia , espera-se a morte chegar na surpresa de uma doença, na rapidez de um acidente, ou na eternidade de tornar-se velho. Desde o momento que se reconhece bicho de pouca luz, pedaço pequeno que não vê a si mesmo, limitado de suas vontades, pouco chegado a companhia de seres que julga inferiores. Encontra-se pedaço de coisa qualquer que não concentra, não cumpre com metas, não ama, não se vê, não sabe nada. Qualquer coisa feia, suja e enganada de si mesmo. Mentindo come as letras, pula os pontos e não sabe escrever. Carente que não sabe amar. O tempo esmagado pela mentira de quem deveria ter dito verdade, carente de qualquer coisa que nunca teve e não provou nem mesmo de forma amarga. Morta de tudo, mortos de pouca existencia. Caminhantes de pouca esperança. Cansados de existir e covardes para fugir daqui. Não me vejo e não vejo mais ninguém. A morte chega, chega, chega e dá sensação de qualquer outra coisa que não sabemos definir. Escrita, corpo. Espelho que reflete o que não queria ver. Vou deixar que chegue na surpresa, ou na rapidez. Aproveitando a dor de sentir chegar a solução.

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