domingo, 18 de agosto de 2013

O poeta passarinho


Algo existe em Minas Gerais. 
Está gravado nas paredes, 
impregnado no vão do chão de pedras, 
pairando no ar. 
Em Minas, 
algo diferente aparece no canto dos animais.

Neste segundo
há um passarinho que canta
em meus ouvidos. 
Está tão pertinho. 
Ai se Drummond ainda andasse de ônibus por aí. 
Ai se a família se recriasse no amor. 
Ai se a religião fosse abandonada como fardo.

Meus dedos escorregam pelo teclado. 
Meus olhos correm pelo papel. 
Meu ouvido escuta uma voz bonita, 
de homem bonito, 
de homem querido, 
recitando um pouco do livro. 
Meus olhos descansam 
e meus pés encontram 
um pouquinho de calor. 

Caminho pronta. 
Volto sem saber. 
Caminho completa. 
Volto sem saber. 
Caminho com outros. 
Volto sem ninguém.

A poesia nunca será banal.
Meu amor nunca se encerra. 
Não há mais tempo para tentar dizer. 
Há tempo para ir até Minas, 
há tempo para penetrar surdamente no reino das palavras. 

Rio de Janeiro que não vivi. 
Minas Gerais que conserva no vento 
um passado que me atrai. 
Drummond que eu não sabia ler.
Minhas rimas pobres.
Meu coração incompleto.
Óculos são roubados.

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