quinta-feira, 7 de abril de 2011

Engasgo de certeza



Os engasgos não estão nas palavras.
Sempre me pergunto como ter certeza das coisas que sinto, e no fundo é melhor acreditar, sentiu tá sentido. Na mentira aguardo pela surpresa, e na verdade pela decepção. Assim funciona, movimento das certezas.
Para acreditar no amor não basta uma sentença, não basta o eu te amo. Acredito no que está em outro lugar, impossível de indentificar, de apontar, apenas reconheço. Talvez tenhamos por costume dizer amo isso ou aquilo nele, amo o jeito que faz isso, amo o jeito que olha isso. No entanto a impossibilidade de apontar uma única causa para o amor reforça minha idéia do lugar sem nome, não se ama por isso ou por aquilo. Ama-se por não saber o dizer o porquê.
Não acredito na saudade declarada, acredito no tom da voz, acredito no silêncio de quem apenas não sabe dizer como sente minha falta, é quando as palavras se confundem, é um engasgo de certeza e não de dúvida. Não achar as palavras para descrever a saudade é mais sincero do que simplesmente declarar que sente.

O olhar com desejo, o toque de quem quer tornar-se um único corpo junto ao meu, a surpresa do beijo roubado, o cheiro que vem dos pulmões, admirar o outro enquanto dorme, a saudade da boa.

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