domingo, 24 de março de 2013

Casa de campo

Talvez o bolo fique seco, mas cheira muito bem. Se for para um, será de laranja. Se for para outro, de brigadeiro. Se for mais além será de coco. Se for para ela será de avelã. Se for para quem nunca será, castanha do pará. As vigas e escadas são de madeira. O cheiro da madeira se confunde com o cheiro do bolo. O gato faz charme. Se for de um, será só um gato. Se for de outro, dois gatos. Se for mais para trás, uns seis gatos. Se for ela, não será gato. Se for quem nunca será, um gato e um cachorro. O sofá pode ser no chão. Pode ser importado. Pode ser vazio. Pode ser quente. Pode ser furado. Pode ser cheio de criança. Pode ser cheio de livros. Pode ser apenas uma poltrona. Só cabendo um. Se for ele, se for ela, se for eu, se formos nós. Os quadros são antigos. Se for de um, de outro ou mais além, será bem colorido. Se for dela, será importado. Pode ser dança, silêncio ou pode não ter mais quadro nenhum. Talvez o bolo queime. Se for um, vai raspar o queimado e comer. Se for outro, vai comer com queimado. Se for quem nunca será, não vai comer. O chão é gelado e as paredes são de pedra. Se for um vai cavar. Se for outro vai deitar. Se for antigo vai partir e voltar, partir e voltar. E para não dizer daquele não nunca seria, se fosse esse colocaria um tapete para encher nossa casa de poeira e esconder as mazelas de uma insistência infundada. Talvez o som não funcione. Talvez toque as melhores músicas do encontro de quem gosta das mesmas coisas. Talvez nunca seja ela, essa já era. Pior do que nunca seria, nunca foi. Talvez tenha mais som do que letras. Ou melhor ainda, tem a serenidade e paz de quem sabe cantar de olhos fechados e ainda assim estar olhando para mim e não para si mesmo. Quase me esqueci desse trovador. Se for o trovador a paz vai reinar por alguns segundos, sua alma é mais magoada do que tenta aparentar. E se não for ninguém, o silêncio vai reinar. O sofá vai esquentar. O quarto habitar muitas histórias de amor. E o passado se tranquilizar como uma história justa de uma menina entregue as possibilidades das mentiras/verdades do amor.

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