terça-feira, 25 de junho de 2013

Bosta

Foi nessa de esperar a bosta cantar que a bosta secou. Eu ficava por ali rondando os rapazes até que viessem falar comigo, até que me amassem profundamente e nesse meio tempo a bosta foi secando. Talvez tenha sido paciência, mas agora prefiro dizer que foi burrice. Eu ficava por ali ciscando, aguardando meu quinhão e a bosta foi ficando dura. Achar que bosta canta é achar que homem ama. Achar que bosta seca fica mais fácil de limpar é achar que homem que ama vai embora com um simples adeus. Foi nessa de esperar que enrolei as pernas, tropecei meus passos, quis dizer quem era e fiz inimigos. Eu ficava ali disputando namorado com alguma amiga desavisada como eu. O tempo fechou, o livro abriu e o poema chegou. Não é mais preciso implorar, nem desejar ser desejo. Desejo agora é troca. Potência agora explode. Tesão agora assume mas não determina. Bosta seca que vou ter que limpar. Bosta que vai feder enquanto eu limpo. Bosta que eu caguei. Bosta que eu deixei. Bosta que vai deixar um leve cheiro no ar para eu nunca mais esquecer que ele existiu, e ao mesmo tempo ter certeza que ela não está mais ali. É o cheiro de uma merda que já passou.

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