segunda-feira, 15 de julho de 2013

Mais um.

Reorganiza os perdidos, faz com que se percam os organizados, arrepia a pele quando promove a unidade da voz. Esclarece nossos velhos hábitos até que gastos mostrem por si só a necessidade de produzirmos novos lugares para tudo que está posto. Esquenta o coração dos pouco apaixonados, coloca o corpo das mulheres para ferver e as mãos disciplinadas pelo trabalho para levantar suas bandeiras. Arrepia a pele, esquenta os pés, ferve o coração e expõem os sonhos. 

Caminho aberto que junta mais um, mais um, mais um, mais um, mais um. Abre os livros e faz com que as páginas esquecidas se aqueçam. Sacode a poeira dos tambores e das bibliotecas. Esquenta a cama dos amantes, repensa os casamentos, reorganiza as casas e as famílias. Muda a posição vertical, impossibilita a posição fetal. Caminho aberto que muda um, escuta um, agrega um, faz pensar um, impressiona um, ama um, abriga um, contém um, explode um, mais um, mais um, mais um, mais um, multidão. Tem-se assim um movimento que sem saber para onde vai ou crendo saber para onde vai, vai. É como o tal amor que levanta a saia das mulheres e as considerações acerca da palavra homem. Promove encontros, arrebenta o coração dos jovens, faz sair de casa mais um. Faz pensar mais um. Faz querer mais, mais um. Fazer entender que pode mais, mais um. E se falta amor, na próxima semana tem mais um pouco.

Quando a vida deixa de ser uma aquisição. Quando a cor do sofá e tamanho do tapete estão em segundo plano. Quando o sexo esquenta nossos corpos como um todo. Quando o amor se reinventa no ato de amar. Quando as páginas dos livros viram sem parar. Quando a poesia entra pela veia e consome o coração dos mais apaixonados. Quando a poesia vem e assalta o coração dos menos apaixonados. Quando nossas casas podem ter portas abertas. Quando a carne salta pela calça e ninguém aponta o dedo. Quando não há uma cidade dividida. Quando as praças são nossas para luta e para cultura. Quando o cheiro da feijoada invade meu coração. 

As conversas explodem nos bares. Nas esquinas há novos encontros. O temor das escutas aumenta o volume do tesão pelo agir. As festas abafam as novas técnicas. A cama dos casais, a cama dos três, a cama dos quatro e todas as camas ardem de tesão e de novas maneiras de pensar. Os apartamentos agitam os instrumentos. Livros que vão e vem. Aumentam o diálogo e fazem a risada se impor diante daqueles que descobriram como funciona a sociedade. Discos antigos tocam. Há espaço. Há tempo. Há movimento. 

E se não parece novidade: que bom.
E se parece novidade: que bom. 

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