segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A volta

Me convidei para entrar na sua festa. Que maldição esse medo que sentem de mim. Devo ter herdado de alguma parente queimada na fogueira. Os que arriscam, afundam. Bem, sua festa ainda não acabou. Falta você mudar logo de rumo. Pega logo o barco do passado e arrisca um pouco mais. Até eu tenho saudade daquela sua versão que não tive tempo de acompanhar. Abre logo esse zíper. Solta logo o todo tolo. Dá uma risada daquelas que deixam as meninas sem graça. Vou substituir suas palavras sérias pelas  minhas pornográficas e depois fazer propaganda da nossa pele para o espelho grudado na porta do seu armário. Corre do destino de revista. Corre do futuro seguro. Corre para cidade que me indicou. Também adorei. Vou estar por lá quando você mais esperar. Não precisa mais fingir seriedade para me provocar, não precisa mais chegar devagar. Vem chutando a porta. A minha e a sua. Salva nossas vidas e solta a voz. Aumenta seu tom que eu diminuo o meu. Salva nossos passos e nossas letras. Acelera meu peito mais um vez. O seu acelera também. Volta a dar meia volta. Pode me dar uma volta. Pode me dar duas voltas. Daremos nossas voltas. Juntos e separados. Assim sim. De verdade. Assim nunca vamos parar de embaçar o espelho do armário, o vidro do carro e a cortina da banheira. O céu despenca no futuro. O som acelera e finalmente chegamos no ponto que pretendíamos. Aí estamos prontos para recomeçar. Vende logo essa família de revista de bebê. Cancela a viagem sem graça. Abre os olhos, as pernas, sobe o tom de novo. Ainda dá tempo de rever aquele encontro certeiro. Revolta, reajusta, rebola. Um canto para nós dois, já deveria ter encontrado. Eu espero. 

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